Indústria moveleira ajusta rotas de exportação diante de tarifas dos EUA

10/12/2025

Exportações de móveis e colchões cresceram em outubro, mas acumulado do ano perde força

 

As exportações brasileiras de móveis e colchões encerraram outubro com US$ 67,9 milhões embarcados no mês, variação positiva de 2,1% sobre setembro. O resultado consolida dois meses consecutivos de alta após os impactos iniciais da sobretaxa de até 50% imposta pelos Estados Unidos a uma série de produtos brasileiros em agosto de 2025.

No recorte acumulado, o cenário permanece positivo, mas com desaceleração:

  • +4,4% entre janeiro e outubro de 2025 vs. igual período de 2024
  • +6,3% nos últimos 12 meses
  • O acumulado até setembro, porém, alcançava +4,8%

Tal movimento parece refletir tanto o ajuste dos embarques aos EUA quanto a reorganização logística e comercial para outros destinos.

 

Mesmo em queda, EUA continuam sendo o principal mercado importador

Entre janeiro e outubro, os Estados Unidos permaneceram como principal destino do mobiliário brasileiro, representando 25,2% das exportações do setor. Contudo, a participação recuou frente ao mesmo período de 2024, quando era de 29,2%.

A retração nos embarques aos EUA tem provocado mudanças relevantes na geografia comercial do setor. O Uruguai, segundo destino mais importante, ampliou sua parcela para 11,4% no acumulado do ano (era de 7,3% em igual período no ano passado), enquanto o Chile manteve estabilidade, com 7,4%. 

O destaque, no entanto, vem da Argentina, que recupera capacidade de importação e já responde por 5,8% da pauta do setor. Índice que é mais do que o triplo do observado um ano antes: 1,9%.

 
 

Exportações e reconfigurações na cadeia de suprimentos

O movimento de redirecionamento das exportações é também evidente quando se observa o desempenho da indústria de componentes, fornecedores e máquinas. No acumulado entre janeiro e outubro de 2025, os Estados Unidos seguiram como o principal destino, com 32,2% de participação, mas apresentaram queda importante em relação ao ano anterior, quando representou 40,3% das exportações no período.

Em sentido oposto, Singapura passou de uma participação de 2,2% em 2024 para 13,1% em 2025, tornando-se um dos centros logísticos de maior expansão para o setor. O crescimento expressivo indica maior utilização do país como porta de entrada para novos mercados, especialmente do Sudeste Asiático, e demais hubs comerciais da região. 

A Argentina também ampliou sua participação, de 10,7% para 11,7% no período comparado.

 

 

Nova geografia do comércio exterior do setor

A ‘Conjuntura de Móveis – Novembro/2025’, recém-publicada pela ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), destaca, portanto, movimentos simultâneos:

América Latina

  • Mercados próximos facilitam redirecionamentos mais rápidos de pedidos, tanto pelo viés do design e da qualidade quanto logístico. Importadores de toda a região participam de rodadas de negócios no Brasil e há também aumento da participação brasileira em feiras regionais por meio do Projeto Brazilian Furniture.

Europa

  • Rearticulação estratégica com a presença brasileira em grandes eventos do setor, levando design assinado, gestão sustentável e conformidade técnica. O próximo destino é a IMM Cologne, que ocorrerá na Alemanha em janeiro de 2026.

Ásia e Oriente Médio

  • Avanço de obras imobiliárias no continente tem aberto novas oportunidades para móveis tanto residenciais quanto corporativos. O Brazilian Furniture vem atuando de forma estratégica com ações em diferentes regiões da Ásia. 

Essas frentes de expansão comercial fazem parte dos esforços da ABIMÓVEL em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para a internacionalização e fortalecimento da indústria brasileira de móveis.

 

Negociações com os EUA: avanços importantes, mas ainda sem reflexos no setor

No campo regulatório, as incertezas permanecem concentradas nos Estados Unidos. Embora a retirada da tarifa adicional de 40% sobre mais de 200 produtos agrícolas brasileiros represente um sinal positivo nas negociações bilaterais, a medida não abrange bens industriais, incluindo móveis, madeira processada, alumínio e outros insumos estratégicos. Assim, os custos adicionais e as barreiras comerciais permanecem como fator limitante para as exportações do setor em seu principal destino.

Além disso, em 21 de novembro, o Departamento de Comércio dos EUA abriu consulta pública, por meio do Federal Register, sobre supostos subsídios concedidos à cadeia de madeira suave em seis países exportadores, entre eles o Brasil. A ABIMÓVEL acompanha o tema de perto, com suporte jurídico especializado, e segue fornecendo informações que demonstram a importância econômica e a conformidade regulatória da cadeia moveleira brasileira.

 

O que esperar para o próximo ano

Para as exportações no setor moveleiro, os próximos passos dependerão de três fatores-chave:

  1. Resultado das negociações tarifárias com os Estados Unidos
  2. Capacidade de consolidação em mercados que ampliaram participação
  3. Execução das ações estratégicas programadas para 2026, com destaque para eventos internacionais

Enquanto isso, as empresas seguem ajustando portfólios, condições comerciais e rotas logísticas para preservar competitividade.

Já a ABIMÓVEL continuará atuando na defesa do setor, apoiando a indústria exportadora e reforçando o compromisso com a agregação de valor por meio do design, da sustentabilidade e da normalização técnica para o mercado interno e global.

 

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